Patrono

FORTIS LITTERA

André de Albuquerque Maranhão In Memoriam
Por Douglas Cavalheiro
(13/02/2017)
 

Oh! Vento vil! Abre na frívola sorte
o corte da sinistra espada que porte,
mas, atravessa transfigurando a morte,
que faz-se vida, ao gravar com a letra forte.

Ah! Dor servil! Leva a côrte consorte
cujo suporte, já não há quem o conforte,
porém, na marca d’sangue será o exorte
sendo o valor da liberdade, único norte.

O Sol Invicto pousa no ostensório,
e, emite o veredicto decisório:
"perece tudo que for provisório".

O arco e a cruz define o sucessório,
e, disseminada a luz em aspersório,
aos que esperam no genuflexório.

Renasceu em formas de letras. O sacrifício de André de Albuquerque Maranhão durante a Revolução de 1817 se transfigurou na estrelar Fortaleza dos Reis Magos, e se entranhou na identidade norte-rio-grandense. O sangue do senhor de Cunhaú garantiu o trinfo dos princípios de liberdade, tal como os inexoráveis raios solares nos rememoram a vitória final da Nova Aliança.

Nascido na atual região de Canguaretama, no Rio Grande do Norte, por volta de 1775, André de Albuquerque Maranhão era o Senhor do Engenho de Cunhaú, descendente de Jerônimo Albuquerque Maranhão que conquistou a Capitania do Rio Grande expulsando os corsários franceses do estuário do rio Potengi junto ao Capitão-mor Manuel Mascarenhas Homem, fundado a cidade do Natal em 1599 e construindo o Forte dos Reis Magos.

André de Albuquerque Maranhão foi Cavaleiro da Casa Real e Coronel comandante da divisão sul. Ele viveu num momento conturbado na região. A Grande Seca de 1816 fez cair a produção canavieira e algodoeira da região, gerando o caos social com inúmeros flagelados da seca que fugindo da fome e invadiam propriedades em busca de comida. Enquanto isso, a administração de D. João VI, que encontrava-se no Brasil, passou a cobrar mais impostos para financiar os exércitos que invadiram as regiões da Guiana Francesa e da Província da Cisplatina (atual Uruguai). Sendo pressionado pela miséria do povo e pela burocracia militarista que cobrava mais impostos André de Albuquerque Maranhão liderou as suas tropas tomando a cidade de Natal em 28 de março de 1817, proclamando adesão ao movimento iniciado em Pernambuco que defendia a independência de toda região criando uma república. Porém, a reação do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves enviou tropas para retirar o poder dos rebeldes.

No dia 25 de abril de 1817, as tropas legalistas tinham chegado à Natal exigindo a rendição, os correligionário de André de Albuquerque Maranhão já haviam abandonado. Sozinho, ele negou-se a rendição, entrando em combate na praça da Cidade Alta, que hoje encontra-se com seu nome. Sendo ferido em combate por Antônio José Leite Pinho que empunhou sua espada na região inguinal de André de Albuquerque Maranhão. Sendo levado preso para o Forte dos Reis Magos, onde recebeu a extrema unção para salvação de sua alma, na qual apenas restou uma pedra para repousar sua cabeça nos momentos finais de sua vida. Vindo a óbito na madrugada do dia 26 de abril por uma dolorosa hemorragia. Atualmente, encontra-se sepultado na Igreja Nossa Senhora da Apresentação.

Após a bravura de André de Albuquerque Maranhão o Rio Grande do Norte foi surpreendido com uma notícia: a independência de Pernambuco, e, cinco anos depois a emancipação do Brasil. Inspirado nesse exemplo de coragem, bravura que os membros elegeram  André de Albuquerque Maranhão como patrono da identidade do espírito potiguar.
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